segunda-feira, 9 de junho de 2008

pamonha

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Uma lista imensa de gente que já fui. Graham Coxon, guitarrista do Blur; Jeff Buckley; Kevin Shields, o mágico das guitarras do My Bloody Valentine, que ficou surdo gravando um disco; o tecladista dos Autoramas (ok, eles não tem tecladista, mas eu tinha certeza que precisavam de um, as músicas pediam. E sabia que poderia fazer ali um trabalho incrível); Dave Krusen, primeiro baterista do Pearl Jam, porque impressiona.
Por fim, Ben Folds, pianista do Ben Folds Five. Daria um braço, ou os dois, para que aquela fosse a minha banda – pensando melhor, daria não, porque ficaria difícil de tocar piano sem eles e...ensaiei sozinho, me emocionei com as músicas, fiz setlists ideais, toquei no pátio minúsculo do colégio, porque não, a minha pretensão não era a de ser um rockstar, pelo menos não mais que a de provocar respeito e espanto dos colegas que me desprezaram largamente, durante todos aqueles anos estúpidos. Mas era, principalmente, para e por você menina. Para quem eu dediquei aquela música linda que te faria repensar em tudo o que você não nos permitiu viver, sua burra estúpida e linda, linda pra caralho sempre e mais quando sem graça com aquelas tuas mãos magrelinhas e suadas, pois que foi por você que eu me fiz acreditar que Selfless, Cold and Composed era a música que eu tinha feito para te arrancar um sorriso largo mas, e sempre com mas, você nunca haverá de entender e agora menos ainda porque foi embora, lá para a putaquepariu, com artifícios retóricos de se encontrar, num lugar e vida melhores e que te deixem no derrubar dos dias com aqueles olhos intermináveis, satisfeitos de existência, a mesma uma que eu imaginei poder te dar, na nossa casa de janelas largas paredes alaranjadas e piano, que eu compraria para aprender a tocar enquanto você lindamente lava a louça de pizza da noite anterior, a gente tava tão cansado né, estamos trabalhando demais ao menos, ah meu bem ao menos têm esse fim-de-semana NÃO porra nenhuma tem, porque você foi embora e eu fiquei aqui, olhos cravados no teto branco com as felicidades de uma vida que não vai descarrilhar, vivendo nesse quarto o mesmo dia muitas vezes.
(desenho por Fernanda Magalhães)

6 comentários:

fernanda magalhães disse...

ola theo, ok, estah bonito o desenho aqui. e o texto, tbem gostei.
voce nao tem links p outros blogs?

abracos

Vanessa disse...

eu queria ser

Carol Oms disse...

espero q vc saiba que vc escreve bem pra caralho

e isso nao eh qqr coisa

obrigada pelo lindo.

Tatiane Ribeiro disse...

Eu tb queria ser. Mas será que eu tb não teria ido embora? E será que eu já num fui e nem notei?

Theo... a cada texto, vc me encanta mais... (mesmo tendo um pouco de medo do que vc acha que é...)

Vanessa disse...

a frase mais bonita até agora.

Anônimo disse...

no final, é sempre encenação.